Nos desfazemos de nossas regras mais severas, inauguramos a primavera como quem diz: pode entrar; pois é isso mesmo o que queremos, sermos agraciados por uma tempestade de flores. Os batimentos cardíacos já não são os mesmos, correm acelerados. A respiração tropeça, impede a fala, entretanto a comunicação não se desfaz, está suspensa nos olhares e gestos inquietos.
Talvez um dilúvio caísse sobre os que sorriem com os olhos e nada mudasse. Eles não são os mesmos de ontem, o mundo também já não é o mesmo de 30 anos atrás. Os passos que caminham rumo ao metrô lotado anseiam por uma cama e um copo de paz. Eles só querem o silêncio que se confronta com os ruídos da multidão, só querem chegar em casa e ler a mensagem de quem tem o poder de acabar com o seu caos interno.
Quem irá dizer que somos apenas corpos em ação quando o amor bate à porta? Quem irá ousar silabar que o amor não existe quando ele o impede de demonstrar isso? Melhor entendermos que nossa matéria-prima é maior do que custamos a acreditar, melhor aceitarmos que somos maiores do que tentam nos lembrar diariamente. O mundo pode ruir em pedaços, mas se deixarmos o amor entrar pela janela sempre haverá flores pelo campo.
Ademais, quando duas pessoas conversam sem dizer palavra alguma é porque se entendem a ponto de decifrar o que está implícito. Quando embarcam um na loucura do outro são capazes dos mais inesperados atos de amor, e não importa o tempo que passem juntos, mas o que fazem para tornar os momentos juntos especiais, seja estando envolvidos em um abraço, delirando na mesma intensidade ou fantasiando o futuro.
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