A mulher
espera e enquanto isso batem nela
Espera
sentada o ônibus
Mas desiste
É impedida de
voltar para casa pela chuva veloz, atroz
A mulher
sofre
E não tem nem
maquiagem para borrar os olhos
Não teve
tempo de se arrumar para si mesma
Com cinco
filhos a criar
Também tem um
marido
Muito gentil
Muito
bondoso
Diz que a ama
e não consegue deixá-la
Não consegue
deixá-la um dia em paz
Um dia sem
manchas nos braços
Um dia sem
ofensas
Um dia no
aconchego de si mesma
Por conta das
dores, internas e externas
Virou
telefonista
Atende todas
as noites o marido bêbado
Que bebe a
esperança da mulher
enquanto ela
espera por um gole de liberdade
Bárbara Amorim
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