A violência é
um signo que carrego
A trago nos
olhos, no peito, nos ombros
Não, eu nunca
apanhei
Nunca fui
agredida e nem tenho os olhos roxos
Mas a
ausência de marcas não me afasta da dor
Eu a tenho,
bem dentro de mim
Sou uma
construção feita de tijolos de medo e algumas resistências
Ser mulher é
nascer em luta
Sair de casa
não é liberdade
É coragem
Que às vezes
falta, e aperta, e isola
Mas a falta
dela não me tira do mundo
Meus lábios
sorriem com a calmaria
Que não encontro
na rua
Às vezes a
cidade me sufoca com olhares depravados
Tento me
esconder, tento não chorar
E no fim,
percebo, que ser mulher é tentar ser o que se é
Bárbara Amorim
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