Em 2018, cada uma dessas artistas
lançou um álbum e o empoderamento foi às alturas com letras fortes, batidas bem
trabalhadas e personalidades únicas. Enquanto Elza carrega histórias de um passado não muito recente, envolto por
muita luta, Karol e Iza são componentes de uma geração de estrelas que sabem do
seu impacto na sociedade. O fato é que essas três mulheres, de peles negras,
rompem barreiras a cada hit lançado, isso porque nossa sociedade racista, ainda
tão repleta de traços coloniais, insiste em subjugar a competência de quem foge
ao padrão. O padrão branco hegemônico.
Forte, direto, com altas doses de empoderamento
e extremamente sensual, assim posso definir o álbum "Ambulante", da
Karol Conka, lançado em novembro do ano passado. Completo, o trabalho flerta
com questões sociais, de gênero e negritude, e ainda fala de amor, como na
maravilhosa canção "Saudade", que teve clipe liberado recentemente.
Em
"Bem sucedida", Karol dispara: “você
quer saber quanto eu ganho, você quer saber quanto eu gasto, sei que pra você
parede estranho, me ver bem sucedida no que eu faço”, numa referência às
pessoas que estranham seu sucesso. Outra letra extremamente interessante é a de
"Suíte", que diz: "tô vendo que você tá pronto pra consumo, essa
responsa eu assumo, você curte, me pede mais que eu abuso, antes de amanhecer
eu sumo". Podemos interpretá-la como uma apropriação da sexualidade
masculina, cuja lógica é clara - tudo bem homens ficarem com uma mulher sem
querer nada sério, mas o contrário, jamais -, porém, e se o contrário também
fosse tido como normal?
"Deus é mulher" - Elza Soares
Inteligente,
altamente poético e feminino, "Deus é mulher", 33° álbum
de Elza Soares, lançado em maio do ano passado é um verdadeiro
hino. A voz mais que potente da cantora é utilizada pra dizer o que muito é
calado, ignorado, silenciado. Uma mulher à frente do seu tempo, que inicia
lindamente seu trabalho com a música "O que se cala".
Tema carimbado no álbum, a religião é
cantada (finalmente) sem hipocrisia. Na contagiante e impecável
"Exu nas escolas", a letra diz: “Num
país laico, temos a imagem de César na cédula e um "Deus seja
louvado", as bancadas e os
lacaios do Estado”. Salve, salve, Elza. Já na música "Dentro de cada
um", o recado vai de encontro ao patriarcado: “A mulher de dentro de cada um não quer mais
silêncio, a mulher de dentro de mim cansou de pretexto, a mulher de dentro de
casa fugiu do seu texto”. É pra aplaudir ou não é?
"Dona de mim" - IZA
Girl Power, sexy e dançante,
"Dona de mim", faz jus ao nome. Lançado em abril de 2018, o álbum
teve diversos hits que entraram para a playlist das baladas, como a poderosa
"Pesadão". Exato, aquela mesma, que fica na cabeça e não sai mais.
Com um clipe poderosíssimo, que conta com a parceria de Rincon Sapiência,
"Ginga" é outra música que faz os músculos dançarem de forma
involuntária. Da letra, também vale a reflexão: "tudo que te prende, é
melhor que evite".
Aspecto que ainda vale ser observado no novo trabalho é a coragem
que se finca nas canções. Um bom exemplo disso está em "Dona de mim",
cujos versos são: "Sempre fiquei quieta, agora vou falar, se você tem boca
aprende a usar". No clipe, é feita uma denúncia à violência nas escolas
públicas, que precisam lidar com tiroteios no meio das aulas. Iza, uma
verdadeira artista, que inspira o amor próprio e a luta diária pra ser quem se
é.
Para ouvir o álbum, clique aqui.
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E você, o que acha da Karol, Elza e Iza?
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