Assombrada no meu quarto
Ouço ecos de mim mesma
Vejo gritos se estraçalharem dentro de mim
E num vazio poético eles até dançam
Pausa para respirar entre um infarto e outro
Sinto a dor despontar em meu peito
Sinto a chuva virar o desenho mais perfeito
O sofrer é escultural
Me permito então ser um pouco de tudo
Deixo as lágrimas salgarem meu corpo
Me encontro perdida no mar que desbravo
E quando uma grande onda vem eu me entrego
O excesso de vazio cansa e se finca em partes ocultas
Não enxergo as feridas tatuadas na epiderme
Mas sei que elas existem
Sei que elas resistem
Bárbara Amorim
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