A gente cresce e deixa de ser a pequena
Deixa de ser a adorada, a preferida
Deixa de ir à escola e passa a ir à guerra
Duela com os nossos próprios demônios
Crianças têm brinquedos
que podem ser bolas, bonecas, apitos
Adultos têm inimigos
Que podem ser contas, desafetos, fogões entupidos
A gente planta, crianças florescem
Em nosso peito brota cansaço
No delas sempre há tempo
Adquirimos rugas
E elas ganham ou perdem dentes
Mas nem as perdas são pontes quebradas
Criança que é criança adora ir atrás do que não se sabe
Um planeta a avistar? É isso
Sorvete de estrelas com calda de morango? Por que não?
E a gente, nós, adultos, perdemos tanto
Isso porque além da idade e dentes de leite
Deixamos pra trás a infância
Matamos a criança que um dia fomos
Bárbara Amorim
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