Tenho pensado muito sobre a morte
Não porque a vida tem sido triste
e a escala de cinzas se ampliou
Mas porque ela me esbarra dia após outro
Sucinta, como um sussurro
Se aproxima devagar e me pergunta
o que quero para o amanhã
Conversa comigo de forma sincera
Quase me olha nos olhos se eu pudesse a ver
Eu não sei, mas é possível que me veja
Do que falaremos amanhã, dona morte?
Eu pergunto
Mas você não me diz enquanto
o hoje não se finda
Afinal, tenta sempre me mostrar que
cada passo deve ser dado no seu tempo
Eu que sou teimosa e não te escuto
Tapo os ouvidos feito menina birrenta
Que não quer ouvir da morte conselhos sobre a vida
Isso lá faz sentido?
Faz. Faz. E faz.
Você ensina aproveitar os instantes
Ensina a amar com profundidade
e se agarrar aos nossos sonhos
Mas a gente erra e não te ouve
Bárbara Amorim
Nenhum comentário:
Postar um comentário