Suavemente rasguei a minha pele
E contornei meus ferimentos com o salgado das minhas lágrimas
Observei a dor escrever rasuras na epiderme
E lentamente eu entendi que me faltava viço, me faltava vida
Não fiz nada além de me aconchegar na solidão
Nem gritei o excesso de palavras que havia em mim
Cada letra triturada engasgada na garganta
Apenas fechei meus olhos
E como a morte não me viria naquele instante, peguei um papel
Se a vida em mim já não mais cabia
Faria da escrita meu refúgio
Seria a minha passagem
Então mesmo que despedaçada
Haveria cor e poesia em parte de mim
Até o dia em que minhas pupilas sangrarem
E nem a escrita puder me salvar
Bárbara Amorim
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