arranjei um espaço para metades
Metade de mim, metade de você
Metade das nossas metades
Fiz um pacto com as minhas dores
pra ver se as suporto, de fato
Por isso resolvi me abrir um pouco mais
Deixei estranhos me adentrarem no meu
cômodo mais privado: meu coração
Meu coração que é vermelho, mas também azul
Meu coração que ama, mas também é chama
Meu coração que tudo sente além do inconsciente
Deixei a dor me desenhar como um retrato masoquista
Dilatei os poros da solidão
Me bebi em veneno após me servir em mel
No fim, restaram palavras nos alicerces da sobriedade
Restaram nós dos nós que fomos
Restou o pó debaixo do tapete
Metade verso, metade guerra
Bárbara Amorim
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